sexta-feira, 7 de outubro de 2011

12 de outubro.(depoimento de uma criança da atualidade)

Não dá pra ser criança comendo lixo,
Enrolado num cobertor sujo e fedido.
É ''dá esmola pelo amor de Deus'' um dia.
No outro ''é assalto! Não reage vadia!''
O que eu vou ser quando crescer?
Quer dizer, se eu crescer, se eu não morrer.
Um assaltante de banco, um assassino,
Descarregando minha pt no seu filho.
Eu vou fazer um rolê e buscar meu presente :
Uma vítima, anel de ouro, corrente.
Vou mostrar minha pureza,
Eu vou matar um senhor por uma carteira.
Mas que se foda se eu tô com meningite, pneumonia.
O Brasil não me respeita, quer me ver morrer,
Quer um preso a mais,
Por quê que eu fui nascer?
Pra não ter um carrinho, um danone,
Ou tráfico uma droga, ou morro de fome.
Se eu não meter uma faca nas suas costas,
A minha chance é 1oo% de acabar nessa bosta.
Pra ter um brinquedo, só com latrocínio.
Se não for jogador de futebol vou ser bandido.
Queria ter um video-game, como eu queria.
Mas não tem dia das crianças em algumas periferias.
''É mano,
Queria um video-game.
E de presente, eu ganhei um cano.
                            Carlos Eduardo da Rosa Bica.(17 ANOS)

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